sábado, 20 de março de 2010

O Mundo Como Representação

Visão.
A luz bate num objeto e é refletida. Entra no olho e atinge o nervo ótico que a transforma em impulsos elétricos, ativando um conjunto de neurônios para formar a imagem no cérebro.
Em experiência num laboratório mostra-se um circulo a uma pessoa e um determinado padrão de neurônios é ativado, mostra-se um quadrado e um outro padrão é ativado. Assim, cada objeto mostrado ativa um diferente padrão de neurônios.
Depois de registrados os padrões no computador, pode-se induzir artificialmente a ativação dos neurônios e fazer com que a pessoa veja quadrados ou círculos mesmo que eles não existam (todos os sentidos funcionam com este princípio).
Registrando-se, então, muitos padrões e definindo quais neurônios funcionam em cada caso, poderíamos induzir no cérebro humano qualquer objeto imaginável (ou até mesmo objetos inimagináveis) e fazer a pessoa acreditar que aquilo realmente existe e, com número suficiente de dados, poderíamos não só fazer a pessoa ver, mas também ouvir e sentir coisas que "não existem".
É assim que funcionaria a Matrix.

O que concluímos disso é que não conhecemos nenhum objeto, mas apenas representações de coisas que nunca poderemos saber como realmente são.

E o que assusta mais e nos leva à loucura é o pensamento de que nunca poderemos saber se o mundo que as outras pessoas veem, ouvem e sentem é o mesmo que vemos, ouvimos e sentimos, isto é, nunca podemos saber como ocorre a representação na mente de outra pessoa.
É claro que se pode facilmente determinar que os neurônios ativados são os mesmos em todas as pessoas que veem um círculo, por exemplo e, mais fácil ainda, é perguntar para a pessoa "O que você vê?" e ela dirá: "Um círculo". Mas ao pensarmos mais profundamente, lembramos que, ao ver os neurônios em simulações no computador ou ouvir a pessoa da experiência dizendo: "Isto é um círculo.", devemos ter em mente que aquela imagem na tela e aquela voz assim como a própria pessoa não passam de representações em nossa mente e não as conhecemos realmente. Essas coisas podem, na verdade, ser totalmente diferentes ou podem mesmo não existir! Isto se deve ao seguinte, os cientistas sambem que o cérebro produz estas representações do mundo, mas para onde ele as manda ainda é um mistério. As imagens são poduzidas e se espalham pelo cérebro e em algum momento elas encontram a consciência, mas onde e como isso acontece, ninguém sabe.
Nosso cérebro nos engana tantas vezes quando sonhamos, por exemplo, ou quando temos alucinações causadas por drogas, quem nos garante que ele não nos engana o tempo todo nos escondendo algo ou mostrando mais do que realmente existe?
Deparamos-nos com a maior solidão possível de ser experimentada.
Pensamentos deste tipo têm seu lugar em manicômios e, nesse caso, não devido a loucura, mas a lucidez em excesso.

Certas culturas entendem a consciência como um sexto sentido, ou sentido interno.
Imagine que uma pessoa tenha seus sentidos desligados um a um numa experiência: primeiro olfato e o paladar, depois a audição, a visão e por fim o tato. Esta pessoa continuaria sentindo seu "eu"? Continuaria tendo consciência? Onde está esse “eu”? Seria apenas uma ilusão?
Muitas perguntas e poucas respostas.
A pessoa sem sentidos certamente perderia toda a noção do espaço, e somente poderia se situar, mesmo que com dificuldade, no tempo. Daí diz-se que a consciência só pode ser localizada no tempo, e nunca no espaço.
O mestre Schopenhauer defina o tempo assim: Cada momento só existe na medida em que aniquila o momento anterior para ser de novo rapidamente aniquilado pelo próximo.
Assim, o presente é um limite infinitamente pequeno (inexistente) entre passado e futuro e estes, por sua vez, não têm existência em si. Então o tempo se resume a uma coisa que não existe separando duas outras coisas que não existem...
A ilusão de tempo é causada pela memória que organiza as coisas numa certa ordem, e é somente dela que vem essa noção (ilusão).

Nada é realmente como nós pensamos que é.

Um comentário:

  1. O filme 2035 - Cidade do Pesadelo, para pessoas como nós, fala sobre isso, sinopse:

    No futuro a internet já não existe e as pessoas recebem informações através de um microchip implantado em seus cérebros. Com esse recurso, o governo fascista controla a mente de todas as pessoas, criando uma ilusão em suas cabeças que esconde a realidade decadente. Mas, um grupo de rebeldes decide dar um jeito e lutará com todas as forças para mudar essa aterrorizante situação.

    tem uma parte bem tensa quando eles estão comendo e o chip da personagem principal da defeito e ele por um instante percebe que eles estão comendo um monte de larvas,minhocas e coisas do tipo pensado ser um sanduíche =D

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