sábado, 3 de abril de 2010

Cemitério de Vagalumes

Eu nunca terei um filho.
Seria insuportável a culpa de quando eu olhasse aquela criança e pensasse em todo o sofrimento que ela terá quando começar a entender o mundo e que só vai aumentar até que um dia ela morra em forma de adulto.
Sinto a mais profunda tristeza quando vejo crianças brincando e simulando o mundo adulto em suas fantasias com grande expectativa de se tornarem pessoas grandes e poderem fazer o que quiserem. Que crueldade sem tamanho cometemos: deixamos elas sonharem e viverem felizes enquanto podem, criarem suas esperanças e sonhos para mais tarde serem devoradas e cagadas em forma de cidadãos. Deixamos que elas cresçam completamente desprevenidas!
Não deveríamos deixar que criassem esperança, pois ela é a mãe do sofrimento.
Em 6.000 anos de história nenhum esforço foi realmente efetivo contra o sofrimento humano. E não me refiro a fome, guerra e doenças, mas ao sofrimento cotidiano. Aquele de cada dia de trabalho e de frustrações, de cada desejo e sonho que não pode ser alcançado, de cada pedaço de nossa vida que tentamos desesperadamente cobrir com o pouco de alegria que conseguimos, de cada madrugada em que você não quer dormir por causa da promessa de um "novo" dia que virá depois.
Estou falando daquele sofrimento de quando você percebe que vai perder toda a sua vida se matando de trabalhar dia após dia perseguindo algo que nunca vai encontrar correndo em círculos e vendendo aquilo que tem de mais precioso para alimentar um sistema monstruoso que te manda produzir e reproduzir mais e mais para no fim ser descartado e enterrado como se tivesse vivido plenamente.
Eu não quero ver uma criança saindo de casa para viver num mundo desse.
O maior favor que se pode fazer a todas essas almas ainda não nascidas que esperam inocentemente do outro lado é combater a procriação da espécie humana que, diga-se de passagem, já está condenada e deveria ser eliminada da mesma maneira que se amputa uma perna podre ou se sacrificada como um animal agonizante.

Aqui vai um vídeo para levantar o astral.

2 comentários:

  1. Este texto segue a mesma linha, talvez vc se interesse:

    http://black--note.blogspot.com/2009/02/ah-malditos-como-somos.html

    Outra coisa, tive de linkar seu blog; acho que mais pessoas devem ler o que está contido aqui.

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  2. gostei muito dos textos. voltarei sempre.

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