sábado, 28 de maio de 2011

Meu Mosntro

Quando criança, um monstro foi colocado dentro de mim.
Ele não me comeu por dentro, ao menos não fisicamente, pois ele é o monstro da repressão. Ele captura qualquer sentimento que ele acha que não deve sair no momento em que nasce e vai juntando todos eles bem apertados lá no fundo da minha cabeça e os come lentamente nunca deixando-os ver o mundo de fora.
Esses sentimentos são como uma droga para ele. Ele gosta de acumular esses sentimentos em seu corpo e ele fica cada vez mais eufórico e alucinado dentro de meu crânio escalando as paredes e aterrorizando pensamentos inocentes.
O alarme então dispara quando se empanturra de sentimentos reprimidos, quando não cabe mais nada em sua barriga, quando ele se perde e enlouquece num frenesi incontrolável e caótico aterrorizando todos os pensamentos e tudo o que entra em minha cabeça. O Caos se instala em todo meu corpo como se ácido estivesse corroendo minha mente.
O cérebro não suporta e me manda fugir. Eu corro desesperado pelas ruas gritando por ajuda, mas é uma fuga vã, pois o monstro está dentro de mim, enlouquecido e sedento. Onde quer que eu vá eu o levarei.
Ele fala comigo com sua voz fantasmagórica desprovida de linguagem.
Ele é aquele que não deveria ser.
O horror sem sentindo incorporado por uma criança.
.
É tarefa de uma vida domar o monstro. É tarefa para duas matá-lo.

3 comentários:

  1. Muito bom o texto!
    É o famoso demônio interno que a gente tem mas como não conseguimos acabar com ele, ficamos tentando amenizar a sua fúria.
    *Desculpa se falei merda mas foi o que eu entendi.

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  2. Acredito que demônios internos não podem ser mortos. Como você disse, podem ser domados, mas também acredito que podem ser expulsos. Quando temos dentro de nós algo que nos faz mal, ou o retiramos com ajuda ou nós mesmos vomitamos aquilo, porque se não o fizermos um dia poderemos explodir devido a pressão. E nesse processo os estilhaços podem atingir outras pessoas.

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  3. Realmente não é fácil domar o monstro, como vc muito bem disse "é tarefa de uma vida". Mas Eduardo tem razão, podemos expulsá-lo e enquanto ele não é expulso, podemos deixá-lo falando sozinho. O que ele quer é que vc (o que há de bom em vc) desocupe o lugar para ele se tornar inquilino perpétuo. A sua luta (nossa luta) é mostrar quem é o verdadeiro dono da casa.

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