terça-feira, 15 de junho de 2010

Eu, o Erro de Uma Geração

Sempre tenho esta sensação de estar fora das coisas e de estar enganando as pessoas quando ando nas ruas. Sensação de estar sempre usando disfarces, tentando parecer semelhante a meus semelhantes.
Provavelmente isso vem dos tempos da escola na época de meus 5 a 18 anos(crianças e adolescentes podem ser mortalmente cruéis quando querem). Esta foi a época em que começou a pressão intensa em minha personalidade por aquilo que eu tinha que ser e tinha que fazer mas até hoje não consigo: não consigo me expressar como deveria, não consigo me sentir deveria, não consigo ver como deveria.
Por isso, evito conviver com as pessoas. Aquele monstro nascido nos tempos da escola entrou na minha cabeça, fez um buraco no meu cérebro e mora lá dentro até hoje. Ele se alimenta de vergonha, medo e constrangimento, mas eu não estou mais disposto a cooperar com ele.

Tendo dito isto,

acabou-se o tempo em que eu me iludia pensando que era melhor do que os outros. Hoje eu sei que se não vivêssemos nos tempos que vivemos eu nem sequer seria selecionado para sobreviver. Eu sou parte da falha dessa geração causada pelas constantes experiências da mãe natureza e também da sociedade, já que ambas em seus sistemas tendem a selecionar sempre os mais adaptados ao meio seja ele qual for.
Sei que se fossemos uma manada de zebras, por exemplo, fugindo da seca, eu seria um daqueles fracos e cansados que ficaria para trás servindo de alimento para os leões dando a oportunidade para os melhores fugirem.
Eu deveria ter sido selecionado naturalmente à extinção, no entanto aqui estou enquanto muitos dos fortes são exterminados nos becos da sociedade.
Sou apenas um fragmento do erro da evolução neste imenso jogo, não tenho nada do que me orgulhar.

Não digam que eu estou escolhendo o caminho mais fácil, não há nada mais difícil nessa vida do que aceitar a própria vida.
Afinal, fracos ou fortes, todos nós chegaremos sempre ao mesmo final.
Não nos afundemos em nossas ilusões.
.
.
.
Ou tudo ao contrário...
Eu não sei de nada, só falo aquilo que me vem na cabeça.
Não existe verdade alguma nas coisas.

2 comentários: